BLOG Ideação Suicida. Como casais podem se ajudar?

Ideação Suicida. Como casais podem se ajudar?

Publicado em 22/09/2021

Falar sobre suicídio é tratar de uma situação muito complexa que carrega muitos preconceitos, dores e tabus. Entretanto, não falar sobre o assunto, não faz com que a ideação suicida e tentativas de suicídio aconteçam menos, por isso é fundamental reconhecer os sinais de alerta, em si mesmo e também nas pessoas ao nosso lado.





Antes de mais nada é importante compreender a diferença entre ideação suicida, ou pensamento suicida, tentativa de suicídio e o suicídio de fato. A ideação suicida compreende os pensamentos, com ou sem planejamento de como o sujeito deseja cometer o ato. As tentativas de suicídio, são aquelas onde a pessoa faz alguma ação contra sua vida, mas não põe fim a vida. Já nos casos onde o suicídio ocorre, normalmente houve ideação suicida, tentativas prévias, até que de fato a pessoa consegue concluir o ato.

Algumas causas comuns para que ocorra ideação suicida referem-se a sentimentos de desespero, desamparo e desesperança. Pensamentos sobre sentir-se fracassado, falta de esperança em relação ao futuro e perspectivas de vida, bem como a existência de transtornos mentais prévios (depressão, transtornos de humor, ansiedade), morte de pessoas próximas, traumas emocionais, dependência de drogas ou álcool, desemprego ou problemas financeiros, separações ou conflitos conjugais e familiares, entre outros.

PANDEMIA E OS IMPACTOS EMOCIONAIS


Nos últimos meses, devido a pandemia, temos vivido situações de muito estresse, distanciamento de familiares, de colegas de trabalho, mudanças significativas nas rotinas e nas condições financeiras de muitos casais e famílias. Todas essas condições estressantes fazem com que muitas vezes ocorram mudanças alimentares, de padrão de sono, de atividades físicas, aumento da pressão arterial, entre outras situações que dificultam as funções mentais, resultando em preocupações, alterações imunológicas, reforçando distúrbios de humor, ansiedade, angústia e depressão.

A convivência mais intensa entre os casais, somado a todas as preocupações e angústias com a situação econômica e de saúde intensificaram os conflitos conjugais e situações de violência doméstica, bem como um aumento de procura por atendimentos de psicoterapia e serviços de urgência relacionado a agressões e tentativas de suicídio.

CICLO DE VIDA CONJUGAL


No relacionamento conjugal é onde apresentamos nosso "melhor" e nosso "pior". Onde conseguimos nos desnudar de máscaras e expectativas sociais. Além disso, é através da relação conjugal que temos a possibilidade de ressignificar nossa própria história de vida com nossos pais, evoluir individualmente, tanto no âmbito pessoal, quanto profissional, e crescer enquanto casal.

Nas diferentes fases do ciclo de vida do casal, seja namoro, casamento, momento em que há filhos pequenos, quando se tornam adolescentes, adultos e saem de casa e o casal volta a ser apenas dois, existem conflitos distintos e que precisam da atenção, comprometimento e parceria de ambos do casal. Não é raro haver dificuldades nesses períodos iniciais de transição.

Dependendo de como foi a história de vida familiar dos cônjuges, alguns conflitos podem ser mais difíceis de serem lidados, pela falta de modelo saudável de relacionamento, causando algumas tensões na relação. Quando no caso da existência de algum transtorno mental, as pessoas mais próximas como os cônjuges, filhos e familiares, tendem a ser quem mais sofre com os impactos da doença, como também são as primeiras pessoas que precisarão dar esse suporte emocional.

No caso de filhos pequenos é preciso muita atenção e suporte familiar, para que os filhos não presenciem momentos difíceis do casal e que eles sejam protegidos de falas sobre pensamentos e ideação suicida dos pais. Já quando a ideação vem dos próprios filhos, os pais precisam tomar muito cuidado, dar atenção, não negligenciar ou desvalorizar os comentários sobre desejo de morte e buscar acompanhamento psicológico e psiquiátrico o quanto antes.

COMO AJUDAR ALGUÉM COM IDEAÇÃO SUICIDA?

Estar vivendo uma situação onde um dos cônjuges está passando por sofrimento mental e ideação suicida, pode ser um desafio muito grande para todos ao redor e por isso é essencial que toda rede de apoio esteja atenta ao risco e possa oferecer suporte a pessoa em sofrimento.

É importante estar atento a falas sobre desejo de morrer, ou de acabar com o sofrimento, fazer despedidas ou organizar contas pessoais, mudanças marcantes de comportamentos, perda de interesse por atividades que gostava, descuido com a aparência, piora do desempenho no trabalho, alterações no sono e no apetite.

Estar disponível para ouvir, evitar conflitos desnecessários, acolher o sentimento, não desvalorizar ou minimizar o sofrimento, encontrar formas de que o(a) parceiro(a) perceba a importância de procurar ajuda profissional e em casos graves conduzir a um serviço de atendimento psicológico ou emergencial.

As dificuldades conjugais estarão presentes ao longo do ciclo de vida conjugal e por isso é fundamental que ambos encontrem recursos saudáveis e ferramentas para aprenderem a fazer acordos, a equilibrarem o desejo de ambos na relação, bem como a expectativa de cada um sobre a vida a dois.

O cuidado com a alimentação, a prática regular de exercícios físicos, evitar o uso de bebidas alcóolicas e outras drogas, atenção ao sono e momentos de lazer, e principalmente o cuidado com a saúde mental são fundamentais para prevenir o adoecimento psicológico.

ONDE BUSCAR AJUDA?


A psicoterapia e o acompanhamento psiquiátrico são essenciais para poder auxiliar os casais a avaliarem o risco e compreenderem como fazer o encaminhamento do parceiro com ideação suicida. Outras redes que também podem ser acessadas para o suporte são:

  • Família extensa;
  • Amigos e colegas;
  • Unidades de saúde: CAPS (centro de atenção psicossocial), unidades de saúde da família, clínicas, consultórios psicológicos, urgências psiquiátricas.
  • Profissionais de saúde: médicos, psicólogos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem, agentes de saúde.
  • Centros de apoio emocional: CVV (Centro De Valorização a Vida - 188).
  • Fundação Allan Kardec
  • Grupos de apoio.

O seu apoio e incentivo podem ser fundamentais para quem está precisando de ajuda! Busque uma rede de profissionais qualificada para realizar o acompanhamento de forma ética e respeitosa.

Saúde Mental é mais importante que a doença. Busque ajuda.
Se está em dúvida sobre como proceder, entre em contato conosco

Eliza Inaê
Suzane Busatta Ignachewski
Psicóloga (Unicentro - Universidade Estadual do Centro Oeste);
Residência Integrada Multiprofissional em Atenção a Saúde Oncológica pelo HE - UFPel;
Pós-graduada em Psicoterapia de Orientação Psicanalítica pela Unochapecó;
Formação em Psicoterapia Sistêmica individual, de casal e família.
Instagram

Utilizamos cookies para melhorar sua experiência. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.